Neste II Colóquio, a proposta é refletir sobre a infância e diferentes modos de concebê-la em nossa sociedade. Busca-se por em foco saberes e práticas sobre a infância, indagando-a como algo que se inventa, como uma construção histórica em suas múltiplas formas.
A infância, entendida como uma invenção moderna, ocupa espaços sociais – da mídia, da medicina, da psicopedagogia, do consumo, da pedagogia, da psicologia, da literatura, entre vários outros –, de modo que sua existência é atravessada por processos de acumulação de saberes sobre o corpo, o desenvolvimento, as capacidades, as vontades, as tendências, as brincadeiras, as fragilidades, as vulnerabilidades, os instintos, as paixões e potências infantis que, por sua vez, se acoplam a práticas discursivas e não discursivas em que tais saberes se imbricam em mecanismos de poder, cujo resultado acaba sendo a produção de uma infância governada, segundo normatividades da sociedade que se empreende.
Nessa perspectiva a infância deve ser conduzida, segundo modelos estabelecidos científica e institucionalmente, consubstanciando uma concepção que é parametrada e, ao mesmo tempo, também é parâmetro de políticas educativas, políticas de conhecimentos, legislações, estruturas e funcionamentos de escolas para crianças e de toda uma rede de instituições que as acolhem, fabricando-se, assim, uma infância pautada na continuidade cronológica, no tempo como sucessão e sequência de etapas do desenvolvimento.
Pensar a infância, problematizando-a como uma invenção, permite perceber sua construção histórica como categoria das ciências do homem e a forma como ela é engendrada no contexto social moderno. Neste sentido, pensar com Foucault possibilita ver, desde essa perspectiva administrativa, o que se está fazendo da infância e com a infância em nosso tempo presente.
Não obstante, Foucault não ter desenvolvido uma teoria da infância, uma formulação conceitual sistemática do tema, há em sua obra chaves de compreensão com as quais se pode descortinar modos diferentes de se pensar as formas dessa administração infantil, fornecendo pistas para concebê-la como produção histórica, construção cultural e, portanto, desvinculada de definições estáticas, naturalizantes e essencialistas.
Maiores informações:
Pesquisa: Regina Frigério - Pesquisadora do GRUPEGI
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