"As paisagens são também expressões da linguagem e, como tal,
constituem-nos, não em meros processos de internalização, mas em
arranjos criadores de nós mesmos e de nossa presença, forjando-nos
como seres culturais. São gêneros discursivos. São palavras que se
enunciam no e do mundo social. Como enunciados, são narrativas
potentes que não nos tocam apenas na condição sensorial, mas em
todo nosso desenvolvimento, em nosso “nos fazer”, como seres culturais. Guimarães Rosa (1994) colocou essas palavras na vida de seus
personagens: “O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho.
Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é
questão de opiniães... O sertão está em toda a parte (ROSA, 1994,
p. 4). “Aqui é Minas; lá já é a Bahia? Estive nessas vilas, velhas, altas
cidades... Sertão é o sozinho. Compadre meu Quelemém diz: que
eu sou muito do sertão? Sertão: é dentro da gente” (ROSA, 1994, p.
435). “O sertão aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é o Chapadão, lá acolá é a caatinga” (ROSA, 1994, p. 701). “O sertão não tem
janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o
sertão, ou o sertão maldito vos governa” (ROSA, 1994, p. 634)."
O fragmento acima faz parte de texto de nossa autoria (em conjunto com a professora Maria Lídia da UNB) intitulado "Narradores de Paisagens: Encontros Outros" publicado no livro Temas e experiências em educação geográfica organizado por Aloysio Marthins de Araujo Junior
Orlando Ferretti.
Convidamos para apreciar as palavras desse material. O livro está disponível em versão aberta aqui .
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